Sabemos que a fala é a forma mais natural de comunicarmos e nem imaginamos a nossa vida sem a mesma… “Como diria o que penso? Como transmitia as minhas necessidades? Como conseguiria viver? Como comunicava?”.
Contudo, a realidade é que existem casos onde a fala, por si só, não se torna um meio eficaz de comunicação… E então? A criança fica impossibilitada de comunicar? Não! Estas crianças têm as mesmas necessidades e capacidades comunicativas que as restantes. Existem por isso diversos sistemas aumentativos (para complementar a fala) e alternativos (quando não há qualquer “esboço” de fala) de comunicação (SAAC) que devem ser perspetivados e aplicados.
Estes sistemas englobam um conjunto de técnicas, ajudas e estratégias que variam consoante as necessidades de cada criança e do seu meio envolvente. Os mesmos são aplicados pelo Terapeuta da Fala e outros técnicos, como por exemplo o Terapeuta Ocupacional e o Fisioterapeuta, fazendo-se um estudo do sistema que mais se adequa à criança, sempre em conjunto com a sua família.
Existem sistemas de comunicação sem ajuda onde a criança usa o próprio corpo para comunicar, seja através de gestos convencionados (ex. Língua gestual portuguesa), gestos não convencionados, mímica, vocalizações, apontar, entre outros. Com o avançar das tecnologias, surgem cada vez mais recursos, havendo sistemas de comunicação com ajuda, ou seja que requerem ajudas técnicas (recursos materiais que ajudam na comunicação), externas à criança, que podem incluir desde tecnologias de apoio lowteck como os quadros de comunicação simples, imagens, fotografias, símbolos gráficos e palavras escritas até às tecnologias mais sofisticadas – highteck como computadores, dispositivos com saída de voz, tablets, etc.
O meu filho pode precisar de um sistema aumentativo/ alternativo de comunicação?
Normalmente, a necessidade destes sistemas acontece devido a uma condição de saúde: síndromes, autismo, paralisia cerebral, deficiência mental, ou até mesmo alterações adquiridas, como consequências de AVC’s (no caso de adultos). Contudo, a aplicabilidade deste tipo de sistemas não é necessariamente permanente, pelo que por vezes existem crianças, sem condição de saúde conhecida, que recorrem a estes sistemas como forma de potencializar a fala (e não de “atrasar a fala”, mito frequentemente associado). De facto, qualquer pessoa independentemente da idade, do tipo e do grau de incapacidade que apresenta, pode e deve utilizar a comunicação aumentativa, se assim fizer sentido. Através dos SAAC as pessoas podem exprimir necessidades, desejos e sentimentos, fazer pedidos, argumentar, tomar decisões sobre a sua própria vida.